7 de novembro de 2015

CARTA DA TENDA ORAIDA ABREU - SIGNIFICADOS E CRIATIVIDADES

CARTA DA TENDA ORAIDA ABREU - SIGNIFICADOS E CRIATIVIDADES

A Tenda de Educação Popular e Saúde ocorreu na 11ª edição do Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva na cidade de Goiânia entre os dias 27 de julho e 01 de agosto de 2015, homenageando Oraida Abreu. Em sintonia com as lutas de resistência política e cultural dos movimentos sociais em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), dos Direitos Humanos, da Democracia Participativa, da Diversidade Étnico-racial e Sexual. Foi um espaço aberto e dialógico de formação de vínculos e articulações políticas com desconstruções, reconstrução e aprofundamentos com a temática central do congresso: “Saúde, Desenvolvimento e Democracia: o Desafio do SUS universal”.
A militante Oraida Abreu foi homenageada pelas suas importantes contribuições política no âmbito da luta antimanicomial, na defesa da população quilombola, na luta contra as desigualdades raciais e de gênero. Atuou no Grupo de Mulheres Negras Malungas, na Articulação Nacional de Mulheres Negras, na Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e na Fundação Palmares. E foi uma das idealizadoras do Fórum Goiano de Saúde Mental.
A tenda acolheu mais de 700 pessoas, em momentos plenos de significados, gratidão, emoção e amorosidade, contou com diferentes lutas entre elas a arte, cultura e a política, ao incluírem, por exemplo, o Bloco Desencuca e Banda Delírios do Cuca, performances teatrais e oficinas de práticas de cuidados em saúde.
O Varal sobre violações e garantias de direitos oportunizou a expressão e reflexão de situações vivenciadas no cotidiano da luta pelo direito à saúde e direito à manifestação dos movimentos sociais.
A Plenária Livre, estratégia inovadora vinda da 15ª Conferência Nacional de Saúde, também possibilitou o debate crítico das questões relacionadas à saúde coletiva no país. Intitulada 15ª Conferência Nacional de Saúde - Saúde Pública de Qualidade para Cuidar Bem das Pessoas: Direito do Povo Brasileiro e evidenciou a necessidade da radicalização da participação popular por meio do controle social.
A Plenária sobre Reforma Política e Participação Democrática e Popular apresentou a conjuntura política atual com destaque para a ampliação da luta e mobilização dos movimentos sociais contra a atuação conservadora do legislativo, judiciário que ameaçam os direitos da classe trabalhadora, seu direito à saúde e a expressão da diversidade religiosa e sexual.
A privatização do SUS na contramão da democracia participativa e da valorização do trabalho foi uma plenária que possibilitou o levantamento das dificuldades vivenciadas pela população e trabalhadores/as com o sucateamento dos serviços e cujas gestões foram entregues para organizações sociais, fundações de direito público ou privado e ao capital estrangeiro. Um dos encaminhamentos desta plenária foi à realização de um Ato em Defesa do SUS com uma marcha fúnebre e enterro simbólico das desigualdades sociais e a denúncia das iniciativas governamentais que comprometem o Direito à Saúde como a PEC 451/2014[1], o PLC 30/2015[2] (antigo PL4330), a EBSERH[3], o Artigo 142 da lei 13.097/2015 que alterou a Lei 8080/90 e permitiu a participação do capital estrangeiro na assistência à saúde.
A oficina para a construção de um pequizeiro[4] sintetizou e sintonizou as nossas utopias para seguimos firmes na luta pelo direito à saúde, à vida e a defesa do SUS. As rodas de diálogo trataram do desafio para a consolidação e capilarização das Políticas de Equidade no SUS e da Política Nacional de Educação Popular e Saúde. Foi elencada a importância da inserção da educação popular como estratégia e comprometimento com a população por parte das instituições formadoras de saúde, com ênfase nas transformações das relações de poder, gênero, étnico-raciais e territoriais estabelecidas pelo modelo hegemônico.
A roda sobre as Políticas de Práticas Integrativas, Educação Popular e Saúde e inclusão produtiva, problematizou o excesso de ações de fiscalização sobre os pequenos produtores e pessoas que exercem práticas integrativas populares de cuidados com a saúde.
Nos lançamentos da Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares, do Almanaque do Agente Comunitário de Saúde foram apresentadas as ações da Frente Goiana contra a Privatização da Saúde.
A Tenda Oraida Abreu recebeu Carlos Rodrigues Brandão, que em uma roda de “cultura popular” com a participação de Albineiar Plaza Pinto e Gil Santini Pinto, partilham memórias de ações vivas da educação popular na Diocese de Goiás com D. Tomas Beduíno e os trabalhadores e trabalhadoras rurais, relembrando a cartilha Lamparina e o relatório de pesquisa participante Meio Grito[5].
Xs participantes da Tenda Oraida Abreu reafirmam:
ü  A defesa do SUS 100% público com gestão Estatal.
ü  A ampliação da participação popular no SUS para além dos conselhos de saúde.
ü  A contratação de trabalhadores e trabalhadoras da saúde por meio de concurso público pelo Regime Jurídico Único.
ü  Recriação das Comissões Locais Integradas de Saúde (CLIS).
ü  Ocupação pelos movimentos populares em todos os espaços de poder na produção de conhecimento valorizando e respeitando todos os saberes e fazeres.
ü   Financiamento de ações de pesquisa e extensão acadêmica e popular, incluindo os movimentos populares deste o processo de elaboração de editais até a execução e avaliação.
ü  Distribuição de um kit sobre todas as políticas de equidade e educação popular por parte do Comitê Nacional de Educação Popular em Saúde da Secretaria de gestão estratégica e Participava do Ministério da Saúde e Secretaria Geral da Presidência da República.
As contribuições políticas da Tenda Oraida Abreu para as Politicas Públicas de Equidade e de Educação Popular anunciam e concretizam as possibilidades propostas e realizadas pelo atual governo brasileiro articulado com os Movimentos Sociais Populares comprometidos com o SUS, tendo metodologia que revelavam teorias e práticas de Educação Libertadora. 
Assinam este documento:
Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde - Aneps
Articulação de Nacional de Extensão Popular – Anepop
Grupo de Trabalho de Educação Popular da Abrasco
 Movimento Popular de Saúde de Goiás
Comitê Nacional de Educação Popular e Saúde - CNEPS
Articulação de Mulheres Brasileiras - AMB
Fórum Goiano de Saúde Mental - FGSM
Frente Goiana Contra a Privatização da Saúde - FGCPS
Centro Brasileiro de Estudos em Saúde - CEBES
Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra - MST
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde – Sindsaúde/Go
Centro de Formação e Pesquisa em Juventude – Cajueiro
Aldeia Indígena Povo Xavante - Barra do Garças, Mato Grosso
Quilombo CEDRO – Mineiros, Goiás
Rede de Informação e Ação pelo Direito a se Alimentar - FIAN
Fórum de Educação popular - FREPOP
Professores da Universidade Estadual de Goiás - UEG
Professores da Universidade Federal de Goiás - UFG
Professores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ
Professores da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT
Movimento Estudantil da UFMT
Movimento Estudantil da UFG
Conselho Regional de Serviço Social - Go
Movimento Fé e Política
Comissão Dominicana de Justiça e Paz
Rede de Médicos Populares Brasil
Central Única dos Trabalhadores
Movimento de Direitos Humanos
Conselho Nacional de Saúde – CNS
Goiânia, 01 de agosto de 2015.



[1] Proposta de Emenda Constitucional  que Insere inciso XXXV e altera o parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal.
[2] Dispõe sobre os contratos de terceirização e as relações de trabalho deles decorrentes e regulamenta os contratos de terceirização e as relações de trabalho deles decorrentes.
[3] Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares criada medida provisória nº 520 de 31 de dezembro de 2010.
[4] O Pequi (Caryocar brasiliensis), árvore símbolo do Cerrado produz um fruto que serve como alimento, na medicina caseira e extração de óleo. A palavra pequi é de origem indígena Suruí, significa "casca espinhosa". No Centro Oeste e em Minas Gerais, a sua exploração constitui importante ocupação para inúmeras famílias camponesas, quilombolas, indígenas e ribeirinhas que têm essa cultura como fonte de trabalho e renda. As árvores podem chegar até sete metros de altura e produzem de 500 a 2000 frutos. É uma das árvores símbolo do Cerrado, que após as queimadas ressurge das cinzas com brotos, folhas, flores e fruto.
[5] Era uma mobilização social de trabalhadores rurais do interior de Goiás (Cidade de Goiás, Itaberaí, Itaúçu, Itapuranga, Itaquarú, Mossamedes, Carmo do Rio Verde, Uruana, Ceres, Rialma e outras), na década de 70, cujo símbolo era uma lamparina. Que sob as bênçãos da Diocese da Cidade de Goiás, o Bispo D. Tomás Balduíno junta-se na luta pelo direito à saúde. Lamparina era o nome de  uma cartilha, que explicava a metodologia para iluminar os caminhos. A mobilização social era Meio Grito, pois o grito inteiro é onde se ia chegar.

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